quinta-feira, março 09, 2006

Vergonha!!

Câmara contraria conselho e absolve mais dois "mensaleiros"

Num único dia, a Câmara arquivou dois processos de cassação de deputados envolvidos no "mensalão": um expoente da tropa de choque do governo, Professor Luizinho (PT-SP), e um destacado integrante da oposição, Roberto Brant (PFL-MG).Com isso, dobrou o número de parlamentares absolvidos, evidenciando um acerto tácito entre governo e oposição que poderá comprometer futuros processos.As duas votações de ontem contrariam a recomendação do Conselho de Ética, que tinha pareceres pela cassação. O mesmo havia acontecido na absolvição de Romeu Queiroz (PTB-MG). Além deles, escapou o líder do PL, Sandro Mabel (GO), esse seguindo recomendação do conselho.Quatro parlamentares renunciaram para fugir da cassação -Valdemar Costa Neto (PL-SP), Carlos Rodrigues (PL-RJ), Paulo Rocha (PT-PA) e José Borba (PMDB-PR)- e apenas os dois maiores protagonistas do escândalo, Roberto Jefferson (PTB-RJ) e José Dirceu (PT-SP), perderam o mandato até agora. Ainda há oito deputados na fila.Embora rechaçassem a existência de "acordão", deputados governistas e de oposição admitiram confluência de interesses. "O processo de Brant, assim como o de Luizinho, é emblemático por não haver envolvimento direto com o esquema de Marcos Valério. Por isso não merece a cassação", disse Marco Maia (PT-RS).Foram apenas 156 deputados favoráveis à cassação do pefelista, a primeira a ir a voto. Faltaram 101 votos para atingir o número mínimo de 257 votos. Contra a cassação votaram 283 deputados.Em troca, petistas diziam que ao menos 25 deputados pefelistas apoiariam Luizinho, ex-líder do governo na Câmara. "Não chega a ser um acordo, mas espera-se uma reciprocidade", disse Devanir Ribeiro (PT-SP).Brant confessou ter recebido R$ 102 mil de caixa dois para sua campanha à Prefeitura de Belo Horizonte em 2004. O pefelista avaliou que seu caso era um delito menor. "Não se pode confundir decoro parlamentar com infração eleitoral", afirmou.O argumento teve ampla ressonância entre partidos governistas e da oposição. "Caixa dois é crime eleitoral, punível com multa pela Justiça, não com perda de mandato", disse o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA).O processo de Brant foi visto como "especial", por não seguir à risca o padrão típico do "valerioduto": não houve saque na conta do publicitário Marcos Valério de Souza na agência do Banco Rural de Brasília. No caso de Brant, a SMPB, agência de Valério, teria sido intermediária de uma contribuição da siderúrgica Usiminas.Integrantes da bancada calculavam que ao menos 50 dos 83 petistas votariam favoravelmente ao pefelista -esperando apoio para o caso de Luizinho.Absolvido Brant, criou-se um clima mais favorável para repetir a dose com o petista. Muitos parlamentares disseram que seria uma atitude esquizofrênica absolver um parlamentar e cassar o outro no mesmo dia.


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