domingo, março 04, 2007

Mulá Dadullah, o novo pesadelo da Otan


Mensagens do líder em DVD anunciam ‘primavera sangrenta’


Ele usa barba preta, veste sempre um casaco militar e, ultimamente, tem estado onipresente na mídia. Até os órgãos de informações admitem: o mulá Dadullah é o principal líder militar do Taleban. Em todo o norte do Paquistão, nas proximidades da fronteira com o Afeganistão, os vendedores de DVD ganham dinheiro com seus filmes, que anunciam uma primavera (entre março e junho no Hemisfério Norte) sangrenta no Afeganistão. Bem armado e mais organizado do que nunca, o Taleban está se preparando para sua luta contra as odiadas tropas da Otan. O ataque simbólico ocorrido esta semana ao vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, é uma mostra do que vem por aí. Os filmes de Dadullah são produzidos profissionalmente em al-Sahab, o centro de mídia do Taleban em Quetta, no sul do Paquistão. Nos filmes, aparecem centenas de combatentes do Taleban executando manobras militares com metralhadoras. Depois, eles disparam granadas de morteiro, que parecem ter em grande quantidade. A principal mensagem transmitida por esses filmes é que o Taleban não tem mais medo de ser perseguido. Somente alguns dos militantes têm o rosto pintado de preto. Muitos outros colocam seu nome completo quando se inscrevem para a guerra santa. Quase todos os filmes em DVD apresentam a brutal execução de supostos espiões da CIA - os “assessores dos infiéis” têm a cabeça cortada ainda vivos. Nos últimos meses, ocorreram cerca de 250 de tais assassinatos. Entretanto, na sua maioria, os filmes exibem o novo herói, a nova face da resistência. O mulá Dudallah, com cerca de 40 anos, é venerado como um santo. Embora tenha perdido uma perna numa batalha na década de 90, aparece subindo vigorosamente uma montanha com seus combatentes. Ao chegar ao topo, ele mesmo dispara um foguete à distância. Depois, se ajoelha para rezar junto com seus homens, com seu fuzil AK-47 ao seu lado o tempo todo. Dadullah já ameaçou uma onda de ataques suicidas em 2006. A princípio, ninguém o levou a sério. No final de 2006, os estatísticos da CIA contaram cerca de 139 de tais atentados por todo o país - cinco vezes mais do que em 2005.