
Os franco atiradores da resistência
Não demorou muito para que a resistência à ocupação americana no Iraque passasse a usar também os seus francos atiradores. Muito provavelmente, esses soldados integravam as forças regulares do exército iraquiano, que foi dissolvido com a invasão americana em 2003 (dizem os analistas que esse teria sido um dos grandes e vários erros cometidos pelo exército americano). Com o surgimento de franco atiradores, logo eles ganharam um nome por parte tanto da imprensa iraquiana, como pelos próprios soldados americanos: Juba. É certo que não existe apenas um Juba em Bagdá, mas vários deles. No entanto, a forma de agir e de atuar é perfeita e unificada: ele dá apenas um único e certeiro tiro mortal. Perfura os capacetes de kevlar dos soldados estadunidenses ou atravessa parte de seu colete à prova de bala. Não mais que de repente, cai um corpo pesado em meio às tropas americanas. Ou já cai morto ou cai mortalmente ferido. Isso impacta imediatamente a moral das tropas. Mas, o Juba iraquiano não age sozinho. Ele age com a propaganda iraquiana junto com ele. Ao seu lado, perfila-se outro membro da resistência, não menos importante do que o próprio atirador: o cinegrafista. Este filma toda a operação, desde a declaração inicial do próprio Juba em árabe, mostrando o seu pente de balas – geralmente com nove tiros – e os corpos caindo um a um claro que, para quem assiste os vídeos, não há diferença de tempo nas filmagens, mas as mortes ocorrem com tempo grande entre uma e outra. A propaganda é o ponto alto dessas filmagens. Os vídeos são os produtos mais disputados nos mercados de Bagdá e mesmo na Internet, eles são proucuradíssimos. Existem acordos da mídia americana e sites de pesquisa e busca, para retirar do ar esses pequenos filmetes, para não ficar a propaganda a favor da resistência iraquiana. A mídia grande dos EUA bloqueou, por ordem do alto comando, toda e qualquer informação sobre esses ataque dos franco atiradores árabes da resistência. A única e honrosa exceção foi o jornal inglês The Independent.
Como age Juba?
Juba, como todos os franco tiradores da história, agem sozinhos. São combatentes solitários, introvertidos, frios e calculistas, precisos na sua maneira de agir. Nunca, em hipótese alguma, disparam o segundo tiro, para que não ocorram uma reação das tropas inimigas. Nunca se sabe para onde vão em seguida e como atiram de grande distância, têm sempre um tempo valioso na frente dos inimigos, e têm suas rotas de fuga e escape, que lhes assegura sucesso nas operações. No caso iraquiano, ele age com o seu inseparável cinegrafista, elemento fundamental para a propaganda a favor dos árabes e da resistência, portanto nada é espontâneo e natural, mas tudo é planejado e calculado para dar certo. Um dos vídeos mais famosos e disputados nos mercados e nos sites da Internet, é um que Juba inicia as filmagens dando a seguinte declaração: “Eu tenho nesta minha arma nove balas e darei um presente para George Bush. Vou matar nove de seus soldados invasores. Vou fazer isso para que os espectadores possam observar. Deus é supremo. Deus é supremo (Alláh ú Akbhar! Alláh ú Akhbar)”. Promessa feita e promessa efetivamente cumprida: após essa cena inicial, claro que gravado com o guerrilheiro coberto no rosto pelo manto árabe dos fedayins, seguem-se nove imagens de americanos caindo um a um, filmadas, geralmente com um fundo musical com músicas patrióticas e revolucionárias, para animar a resistência. O moral das tropas que atuam em Bagdá esta cada vez mais baixo, exatamente por causa disso. Coronéis e comandantes de várias patentes do exército de ocupação temem a Juba e declaram que ele é de uma estirpe praticamente em extinção, pois quase nunca erra o tiro. Dizem, os militares americanos, que ele, Juba (ou os vários Jubas em ação), vêm atirando a distâncias cada vez menores. Alguns arriscam que ele já atingira a menos de 200 metros dos soldados americanos. Em todos os locais onde ele mata de forma certeira, ele deixa uma mensagem escrita em árabe, com a bala que tirou a vida do soldado, com o seguinte dizer: “o que foi tomado pelo sangue, só pode ser reconquistado pelo sangue”. Não sei em dados oficiais, mas as informações que pudemos obter na Internet, dão conta que Juba já liquidou exatamente 156 soldados americanos – portanto mais do que seu colega russo da década de 1940 e teria ferido outros 54, totalizando 210 soldados abatidos de uma forma ou de outra, pelos tiros certeiros de Juba, o franco atirador de Bagdá. Desnorteado, o alto comando conjunto do exército americano já enviou diversos comandos de franco atiradores. O mais recente, composto de quatro membros, que se dirigiram para Bagdá para “caçar” Juba, tiveram derrotada a sua missão de forma drástica e horrível: todos foram mortos implacavelmente pelo herói da resistência árabe. Todos mortos com certeiros tiros na cabeça. Não gostávamos de ver jovens americanos morrendo dessa forma nos campos de combate, mas é o preço que se vai continuar pagando pela decisão do governo americano de manter as tropas de ocupação no Iraque por prazos indeterminados. Eles seguirão recebendo dos iraquianos a mais firme resistência que um povo pode dar na defesa de seu território pátrio, a despeito dos governistas e colaboracionistas que estão de plantão no governo iraquiano de turno.
Vida longa aos Juba´s !!!