

O Hezbollah – "Partido de Deus" – é uma força política e militar formada por muçulmanos xiitas, a comunidade mais numerosa no Líbano.
A organização nasceu em 1982, com apoio financeiro e logístico do Irã e com o objetivo de expulsar as tropas israelenses que haviam invadido o sul do Líbano.
Seu contingente chegava a quase 2 mil homens, a maioria da Guarda Revolucionária Iraniana, que haviam sido enviados ao Vale de Bekaa, no Líbano, para responder a Israel.
Esse objetivo inicial foi alcançado em 2000, graças, sobretudo, às ações do braço armado do grupo, a Resistência Islâmica.
Desde então, o Hezbollah sofre pressão para se integrar às Forças Armadas libanesas e se dedicar unicamente às suas ações políticas e sociais, menos conhecidas do mundo ocidental.
No Líbano, onde conta inclusive com importante presença parlamentar, o Hezbollah é muito respeitado. Sua reputação se deve aos serviços sociais e de saúde prestados à população. O grupo também tem um canal de televisão influente, o Al-Manar.
Apesar disso, o Hezbollah se recusa a abrir mão do seu braço armado, apesar da resolução 1559 da Organização das Nações Unidas, de 2004. Nela, a ONU pedia o desarmamento das milícias e a retirada de todas as forças estrangeiras (como cerca de 14 mil sírios) do Líbano.
Força regional
Capitalizando ganhos políticos e militares, o Hezbollah não se diz apenas uma força de resistência no Líbano, mas em toda a região.
Apesar de ter abandonado a concepção do Líbano como um Estado islâmico ao estilo iraniano, o partido continua professando a destruição de Israel.
A Resistência Islâmica continua ativa na tríplice fronteira com a Síria, especialmente perto da região de Sheeba, nas Colinas de Golã.
Desde 1967, Israel ocupa o lado sírio das colinas, o que na versão israelense e das Nações Unidas incluiria a área de Sheeba.
Contando com apoio político doméstico, o Hezbollah afirma que a região de Sheeba é uma área libanesa sob ocupação estrangeira.
A visão de Israel como um inimigo comum tradicionalmente levou o Hezbollah a defender interesses sírios contra o estado judeu. O governo de Damasco sempre foi um dos pilares de apoio do partido libanês.
Mas o balanço de forças foi alterado no ano passado, quando suspeitas de que a Síria estava por trás do assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri, em fevereiro de 2005, arranharam a imagem de Damasco e geraram protestos em massa no Líbano.
Desde então, o Hezbollah se tornou a principal força política libanesa a partir de uma perspectiva própria, recebendo inclusive uma cadeira no Executivo libanês.
Para alguns analistas, o Hezbollah adotou uma posição mais cautelosa em relação à Síria. Além disso, o movimento passou a sublinhar a unidade libanesa contra a “presença ocidental” no país.