As quatro vítimas fatais eram funcionários das forças de paz da ONU no Líbano (Unifil); ainda não há informação sobre o que motivou o ataque.
BEIRUTE - Uma bomba israelense destruiu um posto de observação da ONU na fronteira entre o Líbano e Israel, matando quatro de seus funcionários, informou um porta-voz da entidade. Os mortos incluem observadores da Austrália, Canadá, China e Finlândia, disse uma autoridade militar libanesa sob condição de anonimato. O ataque atingiu ainda um bairro residencial e deixou seis civis mortos.
Em Roma, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, foi questionado sobre o ataque logo após um jantar com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, e primeiro-ministro libanês, Fuad Saniora. Ele afirmou que o ataque foi "aparentemente deliberado" e exigiu uma investigação do governo israelense.
A afirmação de Annan foi prontamente rebatida pelo embaixador de Israel na ONU, Dan Gillerman, que expressou seu "profundo pesar" pelas mortes e negou que o ataque tenha sido intencional. "Estou chocado e profundamente chateado com a declaração precipitada do secretário-geral", disse ele, que classificou a afirmação de Annan como "prematura e errônea".
A bomba caiu precisamente sobre o prédio e abrigo que serve de base para uma força de observadores na cidade de Khiyam, localizada no extremo leste da fronteira entre Israel e Líbano, disse o porta-voz das forças de paz da ONU no Líbano (Unifil), Milos Struger.
"Há vítimas entre os observadores. A Unifil despachou um time de resgate ao local imediatamente, mas por enquanto eles não estão conseguindo retirar o entulho", disse Struger. Ainda segundo o porta-voz, o resgate foi dificultado porque os israelenses "continuaram atirando durante a operação de salvamento".
Com as informações sobre o ataque vindo a público, Annan deixou apresado o hotel em que havia se encontrado com Rice e Saniora em Roma. Minutos depois, o secretário-geral da ONU se pronunciou por meio de uma nota à imprensa: "Estou chocado com o ataque aparentemente deliberado das Forças de Defesa de Israel contra um posto de observação da ONU no sul do Líbano." Segundo a nota, o posto estava situado no local há muito tempo, e tinha as devidas identificações.
"Peço que o governo de Israel conduza uma investigação completa sobre o incidente", cobrou Annan. Gillerman, por sua vez, garantiu que o governo israelense realizará o inquérito, cujos resultados serão apresentados à ONU "assim que possível".
O embaixador americano na ONU, John Bolton, disse que o Conselho de Segurança foi informado sobre as mortes dos membros da Unifil. "Estamos obviamente muito tristes com a situação e tentaremos conseguir mais informações para confirmar a natureza do incidente", disse Bolton.
Desde que Israel lançou uma ofensiva militar massiva contra o Líbano e o Hezbollah, depois que militantes do grupo xiita mataram e capturaram soldados israelenses no último dia 12, um funcionário civil da Unifil e sua esposa morreram no fogo cruzado entre as forças israelenses e os guerrilheiros na cidade de Tiro, no sul do Líbano.
No ataque desta terça-feira, cinco soldados da Unifil e um observador militar também se feriram, informou Struger.