sexta-feira, julho 21, 2006

Avanço por terra pode custar caro a israelenses


Enquanto as pesquisas de opinião em Israel ainda mostram altos índices de aprovação popular da ofensiva no Líbano, analistas se perguntam se Israel está adotando a estratégia certa contra a milícia xiita Hezbollah.

O número de mortes do lado israelense - considerado alto para esse tipo de campanha - e as supostas falhas da inteligência sobre o número de militantes do Hezbollah escondidos em túneis e abrigos ao longo da fronteira com Israel estão sendo questionados por especialistas em estratégia de guerra.

De acordo com o correspondente da BBC Nick Childs, já há um consenso de que as forças israelenses terão de se concentrar nos ataques terrestres para ter alguma chance de sucesso na destruição do arsenal militar do Hezbollah. Mas uma operação como essas implicará altos riscos.

As tropas teriam de forçar os militantes a recuar em território libanês até que as cidades israelenses ficassem fora de alcance dos mísseis do Hezbollah, podendo sofrer muitas baixas durante o confronto.

Cara a cara


O líder da milícia xiita, Hassan Nasrallah, já deixou claro que quer enfrentar os israelenses cara a cara e fez provocações ao Exército de Israel, dizendo que os bombardeios não afetaram em nada a capacidade de combate de seu grupo.

O especialista em contra-terrorismo Boaz Ganor disse à Associated Press que o Hezbollah sabe como renovar seus estoques.

"É possível assumir que eles conseguirão mais foguetes do Irã e da Síria. Acredito que eles ainda tenham fôlego para semanas de combate. E, se receberem mais suprimentos, podem resistir por mais tempo", afirmou Ganor.

Apesar da destruição de estradas e aeroportos pelas Forças Aéreas de Israel e do bloqueio marítimo, ainda seria possível transportar armamentos em caminhões e pelas montanhas.

Ao longo dos anos, o Hezbollah desenvolveu estratégias para receber e esconder dinheiro e armas vindos do exterior.

Em entrevista à AP, o estrategista militar libanês Elias Hanna disse que é difícil usar inteligência militar contra um grupo como o Hezbollah porque ele se mostrou imune a infiltrações devido a um código severo de segurança e sigilo.

Tática de guerrilha


Vários dos militantes do Hezbollah são soldados com experiência de guerrilha acumulada em anos de combate contra as forças israelenses na fronteira.

Além disso, o grupo conta com as convicções religiosas de seus integrantes e apoio popular entre 1,2 milhão de muçulmanos xiitas no Líbano, especialmente no sul do país, onde os confrontos têm se concentrado.

Helmi Moussa, um analista do jornal de Beirute As-Safir, disse à AP que "a maior fraqueza de Israel é que ele ignora a magnitude dos recursos do Hezbollah".

"O grupo militante pode não ter uma força numerosa, mas é grande o suficiente para fazer cada passo do Exército israelense custar muito caro", disse ele.